quinta-feira, 11 de abril de 2013


O Som do Silêncio de Cada Dia

Rimário Clismério

 

                Na atual conjuntura mundial não temos mais tempo de contemplar as pequenas coisas em decorrência de uma sociedade cada vez mais imediatista e consequentemente problemática, o som do canto dos pássaros a luz da manhã, o nascer e o pôr do sol, o movimento cronometrado de alguns animais não são mais um grande atrativo para nós humanos “pós-modernos”. Sociedade curiosa essa nossa, vivemos uma guerra diária contra o silêncio, sim por que o silêncio nos agride, corrói o nosso interior como se de repente calar fosse sinônimo de desaparecer. Em meio aos mais diferentes locais nos sentimos como pessoas participantes do mundo alienado e alienante ou globalizado e globalizante, para quem preferir, quando estamos em contato com o barulho que identifica a sociedade pós-moderna, carros e suas buzinas, vendedores que oferecem seus produtos, publicidade em carros de som, aparelhos sonoros ligados aos nossos ouvidos, somos verdadeiramente seres humanos. Do contrário somos levados a regiões perigosas do nosso interior, e por isso é necessário ouvir algo para calar o que nos arrebenta por dentro, quando ouvimos uma música de qualidade viajamos para um espaço diferente daquele que estamos acostumados no dia-a-dia das grandes e agora também de pequenas cidades, somos provocados a reflexão, no entanto a reflexão não é algo que nos leva sempre a mudança, pois muitas vezes pensamos, mas não operamos aquilo que pode trazer a mudança para o bem estar das pessoas. A partir disso lembro de uma situação ímpar na história, que o mundo conspire contra a paz espiritual não é nenhuma novidade para nós, porém o que deve ser o espaço tão bem definido da Escola, ora, entendemos que deve ser um espaço justamente para a transformação de modelos arcaicos que não servem mais para novas postulações, novos paradigmas. Então a Escola deve permitir aos seus integrantes mudar o próprio contexto antes de tentar mudar o mundo.

                Mas, em se falando de som, quais são os sons mais comuns a Escola, vejamos alguns: o som das crianças que brincam na hora do recreio, sim por que na hora do recreio é a hora em que as crianças podem voltar a ser o que são, pois na maioria dos casos lhe pedem para ser o que elas não querem ser naquele momento, comportadas, e comportadas para a Escola é ficar calada, aliás isso não é só da Escola, os pais em muitos casos ficam ansiosos para ouvir os seus filhos falando as primeiras palavras e quando isso acontece que os meninos e meninas começam a falar “muito” os pais mandam os mesmos calar a boca pois estão atrapalhando. E o som das salas de aula que para mim são como uma sinfonia, pois exaltam a produção do conhecimento, enquanto para alguns são um tormento.  Aliás penso eu que o verdadeiro tormento está nas campainhas das Escolas, em algumas delas  elas podem ser comparadas ao som das campainhas dos quartéis generais onde são usadas como toque de recolher ou para ditar outras coisas, das ambulâncias que levam os doentes para o tratamento ou mais grave do que isso, as campainhas dos presídios que marcam a hora do banho de sol daqueles que estão na sombra, ora caros amigos, não seriam as salas de aula produtoras de luz e de liberdade, pois em muitos caso são confundidas com calabouços que aprisionam o ser humano físico e ideologicamente. Pois bem, exaltemos a liberdade em nome da superação do ser humano pós moderno ,pelo ser humano dotado de humanismo, do contrário deixaremos de valorizar a vida para valorizar a morte, deixaremos de observar o jardim que nos cerca para observar as celas do Carandiru e de sons  que nos prendem a elas mesmo estando distante das mesmas. No mais fica o dito pelo não dito e ponto final.

Professor Rimário Clismério   

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